AS ESTRIPULIAS DE FÍGARO


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Em maio de 2007, estreia o espetáculo “As Estripulias de Fígaro”, com direção de Ednaldo Freire e direção musical de Tato Ficher, e cumpriu temporada no Sesc-Ipiranga, além de circular o estado de São Paulo.
AS ESTRIPULIAS DE FÍGARO Adaptação livre da obra “O Barbeiro de Sevilha” de Beaumarchais (1732-1799)

 “As Estripulias de Fígaro” é uma livre adaptação do original de Beaumarchais, com pinceladas de brasilidade. Acima de tudo, é um texto de teatro popular que traz o sabor, os enganos e a agilidade da Commedia dell’Arte, assim como as características de seus personagens. Em nossa adaptação, aproximamos os personagens às suas origens, ou seja, aos personagens da Comédia Italiana do fim do século XVI e início do século XVII, o que significa personagens mais rudes e grotescos, ao contrário dos da Comédia Francesa do século XVIII que já são mais elaborados e sofisticados, como é o caso do texto original. Tais personagens são arquétipos que atravessaram os séculos e que ainda hoje povoam nossas comédias, basta lembrar a obra de Ariano Suassuna. Quanto à temática, o texto trata de duas realidades, já que explora os recursos da metalinguagem. A primeira é a de uma troupe mambembe que para subsistir viaja pelas cidades em sua carroça-teatro, adaptando e representando as peças de acordo seus parcos recursos materiais e humanos. A segunda é a da fábula representada: a história de dois jovens amantes que contam com a ajuda do esperto barbeiro Fígaro (Briguela, na Commedia dell’Arte) para vencerem o antagonismo de um velho truculento (Pantalone, na Commedia dell’Arte).



 As duas realidades se chocam à medida que os atores se vêem em dificuldade para solucionar questões impostas pela própria adaptação que fizeram do texto e pela adequação de seus tipos aos personagens. O que os leva a discutirem os problemas que surgem, durante a própria representação. Porém, ao final, tais dificuldades acabam por interferir positivamente na resolução da trama da peça que está sendo representada. É o caso da cena final em que, na falta de recursos para se contratar um ator que faça o papel de tabelião (plano da companhia de teatro) e de se conseguir que o tabelião vá até a casa de Bartholo (plano da fábula), 


Fígaro se dá conta de que sua função na trama já fora cumprida e assume o papel em questão, resolvendo, assim, um impasse da própria representação e dando desfecho à fábula representada